Menopausa e Memória

Em estudo publicado na revista Neurology em maio de 2009, pesquisadores da UCLA liderados pelo Dr Greendale estudaram 2.362 mulheres entre 45 e 52 anos, mostrando que as mulheres na fase de 3 a 11 meses sem menstruação, chamada de perimenopausa apresentavam menores índices nos testes de memória verbal, de trabalho e processamento.

Em matéria publicada na Folha de São Paulo, na página de Saúde, o Dr Mario Peres comenta sobre a importância do humor e da ansiedade na memória nesta fase, podendo ser um dos fatores determinantes para os achados do estudo.

Veja a matéria na íntegra abaixo:

Menopausa pode dificultar aprendizado, diz estudo

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Mulheres que estão no período que antecede a menopausa podem ter mais dificuldade de aprendizado do que em outros estágios da vida, conclui um estudo de quatro anos com 2.362 mulheres entre 42 e 52 anos, publicado na revista científica “Neurology” desta semana.

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) observaram que, no final da perimenopausa (sem menstruação por três a 11 meses), as mulheres têm mais dificuldade em relação à memória verbal e à velocidade de processamento das informações.

Essa dificuldade, segundo médicos, pode estar relacionada a uma queda do estrógeno (hormônio produzido pelos ovários), que afeta a estrutura e a função dos neurotransmissores, ou mesmo aos quadros de ansiedade e depressão, que são comuns nesse período.

No estudo, foram avaliadas mulheres na pré-menopausa (sem mudanças nos períodos menstruais), no início da perimenopausa (irregularidade menstrual sem lacunas de três meses), no final da perimenopausa e na pós-menopausa.

Elas foram submetidas a testes de memória verbal (lembrar de nomes, por exemplo), de memória de trabalho (fazer conta de subtração e divisão) e da velocidade de processamento das informações.

Em todas as fases, as mulheres que participaram da pesquisa apresentaram resultados semelhantes e satisfatórios. A exceção foi o final da perimenopausa, quando as taxas de sucesso foram bem menores.

Em relação ao aprendizado da memória verbal, por exemplo, as voluntárias nessa fase alcançaram apenas 7% do desenvolvimento apresentado pelas que estavam no período da pré-menopausa.

“Esses resultados de testes na perimenopausa concordam com as dificuldades anteriormente autorrelatadas: 60% das mulheres afirmam que têm problemas de memória durante a transição para a menopausa”, afirmou o pesquisador Gail Greendale, da Universidade da Califórnia. A boa notícia, segundo ele, é que esses problemas parecem ser temporários.

O ginecologista Cesar Eduardo Fernandes, presidente do Conselho Científico da Sociedade Brasileira do Climatério, considera o estudo muito importante, principalmente, pelo tempo e pelo número de mulheres investigadas.

“Já está demonstrado, em estudos experimentais com animais, que o estrógeno influencia a função cerebral. Tem a ver tanto com a sobrevida dos neurônios quanto com a capacidade deles de fazer sinapses”, diz.

Oscilação de humor

O neurologista Mario Peres, do hospital Albert Einstein, em São Paulo, afirma que, além da questão hormonal, na fase de transição para a menopausa a mulher tende a sofrer oscilação de humor, com quadros de ansiedade e depressão.

“A memória depende muito do humor, do ânimo. Se eles não estão presentes, a pessoa perde o interesse. Se ela está deprimida, isola-se. Isso tudo tem impacto nos processos de aprendizado”, explica Peres.

A pesquisa norte-americana não investigou a influência do humor no aprendizado.

Segundo os autores do estudo, o trabalho indicou também que as mulheres que tomam os hormônios estrógeno e progesterona antes da menopausa tendem a reduzir os problemas na memória verbal e na velocidade de processamento.

Após esse período, no entanto, não há benefícios. Mas eles ressaltam que mais estudos serão necessários para a confirmação dos dados.

Link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u573552.shtml

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