AURA PERSISTENTE DE ENXAQUECA: RELATO DE DOIS CASOS TRATADOS COM TOPIRAMATO E MELATONINA
Gonçalves AL, Vieira DSS, Masruha MR, Zukerman E, Peres MFP.
Instituto de Ensino e Pesquida do Hospital Israelita Albert Einstein, Instituto do Cérebro. São Paulo, SP, Brasil
Introdução:
A aura persistente de enxaqueca sem infarto é uma condição rara e caracterizada por sintomas de aura persistindo por mais de uma semana sem evidência de infarto em exame de neuroimagem.
Relato do caso 1:
Relatamos o caso de um menino de 11 anos com quadro aura persistente de enxaqueca. Apresenta avaliações oftamológicas normais e tem EEG, doppler transcraniano, ressonância com angio-ressonância de crânio e PET-CT normais. Foi submetido a tratamento com flunarizina, carbamazepina, ácido valpróico e lamotrigina sem melhora do quadro. Tratado com diamox 750mg/dia obteve reversão completa dos sintomas visuais por uma semana. Após tratamento com topiramato (125mg) houve reversão da aura em 70% e em 100% das crises de enxaqueca. Durante o tratamento o paciente queixou-se de insônia e foi introduzida melatonina 3 mg, com melhora dos sintomas visuais em 90%, da insônia e do aprendizado, pois as alterações visuais o atrapalhavam para ver a lousa.
Relato de caso 2:
Relatamos o caso de uma menina de 14 anos com quadro de aura persistente de enxaqueca, há 3 anos. Tem avaliações oftalmológicas, EEG e ressonância de crânio, normais. O PET-CT, realizado no momento da dor, mostrou hipermetabolismo em região frontal e giro do cíngulo. Previamente a nossa avaliação a paciente foi submetida a tratamento com oxcarbazepina pela hipótese de epilepsia occipital benigna do tipo Gastaut, porém não apresentou melhora dos sintomas. Após introdução de topiramato (100mg) a paciente apresentou melhora de 100% nas crises de enxaqueca e de 70% nos sintomas visuais.
Discussão:
A aura persistente de enxaqueca é condição rara sem um mecanismo fisiopatológico bem definido. Desconhece-se um tratamento eficaz. Em revisão recente da literatura foram analisados 29 casos de aura persistente de enxaqueca e em nenhum dos casos descritos houve relatos de melhora com o topiramato e/ou melatonina.